domingo, 31 de julho de 2011

Primeira alimentação quase normal

Hoje é meu primeiro dia com uma alimentação comum. Tá certo, nem tão comum assim.
O importante que a partir de hoje meu desjejum já pode contar com uma fatia de pão (integral com cereais, argh...) com requeijão (light é claro), muito melhor que só um copo de leite ou iogurte. Mas a melhora significativa é no almoço e no jantar! Depois de 34 dias hoje foi incorporado um caldinho de feijão (que delícia), legumes não precisam ser mais liquidificados, polenta já faz parte da bagaça e também teve início ao consumo de carne. Tá certo que a carne é peixe (bem cozido), mas mesmo assim após o almoço senti que participei de um banquete! Isso que as refeições são de apenas 200ml.
O grande receio estava na carne, muitas pessoas que fizeram sempre comentam que passam mal, graças a Deus, foi bem tranquilo, e pra quem me conhece, já sabe que sou carnívoro!
Agora o negócio é se 'arrumar', vamos ao Palladium, a Soraya quer pegar uma telinha.
Até o próximo.

sábado, 30 de julho de 2011

Cirurgia Bariátrica, eu fiz!

Ontem fez 30 dias que fiz o procedimento cirúrgico de gastroplastia ou simplesmente redução do estômago. Vou tentar sintetizar um pouco deste período.
Pra quem me conhece, sabe que não foi um decisão tomada por impulso, mas foi algo bem pensado e tive muitas conversas com minha esposa, parentes que já fizeram a redução, amigos, psicólogos, nutricionista, endocrinologista e dois cirurgiões que fazem o procedimento.
Pra quem não sabe, a gastroplastia é uma cirurgia de alto risco. Mas há bastante dados, por exemplo: uma pessoa que magra viveria até os 70 anos, já se fosse super obesa, no máximo com 50 anos já estaria indo desta pra melhor, fora as comorbidades que fariam o últimos anos mais sofridos.
Estatisticamente as chances de eu conhecer o criador durante a cirurgia era de 0,5%, a de encontrá-lo antes dos 50 anos já tinha um bom acréscimo de uns 70%. Claro que esse não foi o fator fundamental, mas o fato de já possuir pressão alta e início de diabetes antes dos 40, da um empurrãozinho.
Em agosto de 2010, tomei a decisão e fui consultar com o Dr. Wilson Paulo dos Santos (www.gastroplastiabrasil.com.br), que faz parte de uma super equipe no hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, cidade metropolitana de Curitiba. O Dr. Wilson foi direto, era óbvio que se fui lá, era pra fazer a redução, ele já me passou algumas folhas com todos os exames pré-operatórios, e pedidos de avaliação psicológica e de uma nutricionista. Neste dia também consegui me pesar, pois lá tinha A BALANÇA, e falando sem vergonha alguma, estava com 185kg, e ele já fez o calculo do meu IMC=55, uma pessoa normal tem 25, ou seja, minha decisão era acertada. Pois não haveria dieta que me fizesse perder pelo menos 80kg, no máximo uns 40kg, mas mesmo assim eu continuaria sendo obeso.
Detalhe, a cirurgia seria pelo SUS.
Demorei 6 meses pra retornar, não vou mentir que me enrolei um pouco pra fazer os exames, pois não queria deixar meus colegas de trabalho na mão e também foi mais um tempo de reflexão.
Em janeiro, no meu último dia de férias fui entregar os exames, o Dr. Wilson fez avaliação e disse que eu estava apto pra cirurgia e que eu também tinha uma 'pedra' no fígado que seria retirada no mesmo procedimento, no mesmo dia fui conferir a data, que por sorte haviam reorganizado a agenda (infelizmente muitos não sobrevivem até a cirurgia), e o meu procedimento já estava marcado para o dia 29 de junho de 2011.
Nestes 6 meses eu realmente aproveitei (coisa de gordo mesmo), muito churrasco, fast food, restaurante, lanches, salgadinhos, frituras, todas essas coisas que fazem mal até pra pernilongo.
Na medida em que a data foi se aproximando, a preocupação também aumentou, afinal os riscos eram grandes. Mas passou rápido, quando vi já estava há um dia do internamento, dia que preciso mencionar, pois neste dia, a alimentação permitida é somente liquida até umas 22 horas, depois a gente fecha a boca e nem água pode tomar.
claro que fiquei curioso pra saber o motivo da dieta, e a resposta é muito simples, no momento da cirurgia, pra realizar o entubamento, se houver alimentos no estômago eles voltam e dependendo do caso, as vezes é necessário cancelar o procedimento.
Devido ao horário pro internamento, já fui um dia antes e fiquei na casa de minha mãe. No dia 29 as 07 horas eu já estava no hospital, demorou umas 2 horas até finalizar o processo de internamento, eram umas 09:20 quando me despedi de minha mulher, mãe e uma de minhas irmãs, a emoção é forte, mas por sorte dominei bem a situação, afinal, não queria deixar a família mais preocupada do que já estavam.
A secretário me levou até a ala de enfermarias e lá esperei um bom tempo pela médica que faria a última entrevista antes da cirurgia, coisas básicas, como se já fumei, se já tinha feito alguma cirurgia, logo em seguida entrou a enfermeira pra depilar a região abdominal e me deu minha 'roupa' de paciente (inclusive, como fui o 5° da família a operar, eu já sabia que não precisa ir com nada além da roupa do corpo). Coloquei o 'vestidinho' e fui pra enfermaria masculina onde tinha mais dois que iam pra 'faca' também. Um jovem de 20 anos que já tinha 180kg, e um senhor de 62 anos (eu não dava nem 50), não preciso dizer que o clima é tenso, há um pouco de descontração, mas a cada passo vinha o enfermeiro buscar alguém pra fazer alguma cirurgia.
Lá pelas 14:30, veio o 'elemento' e me chamou, fomos caminhando até a ala cirúrgica, não cheguei a contar quantas salas de cirurgia tinha (todas estavam com pacientes, e eu tenho horror a ver imagens forte), mas acredito ser no mínimo 5. Fiquei uns 5/10 minutos na sala pós-anestesia, muito parecida com uma UTI. E já veio uma enfermeira me buscar, confesso que um frio na barriga é pouco pra descrever, inclusive me ocorreu de desistir, mas enfim, o médico anestesista já fez algumas perguntas e quando vi já estava tomando soro (nem senti a picada), o método utilizado foi a raquidiana juntamente com um sedativo, só me lembro de deitar na mesa e esticar os braços pra fora, e apaguei.
Lá pelas 21 horas eu despertei, já estava na UTI, e te digo que não foi a melhor coisa do mundo, afinal acordar entubado é algo muito perturbador. Se você já fez alguma vez endoscopia, sabe do que eu estou falando. Sem contar que estava com os braços amarrados, pra evitar o impulso de tirar a bagaça. Agora imagina que fiquei com o tal do tubo por umas 3/4 horas, e uma dor, digamos, interessante na região operada, neste momento eu pensei: 'Que cagada eu fiz, mexi no que tava quieto'. Claro que depois esse pensamento pessimista vai embora. O enfermeiro muito compreensivo passava me ver a cada passo, e conversava comigo, explicando o porque do tubo e o porque ele ainda não podia tirar. Muito simples até, devido ao anestésico, era preciso certificar que meu pulmão estava no controle novamente. Após um período ele veio e falou que ia desligar a máquina de respirar, mas que eu ainda precisaria ficar mais uma hora com o tubo, pra ver se tudo ia bonito, e assim foi, passado o tempo previsto, ele veio e finalmente retirou a bagaça, mas pense num mal estar temporário, é bem assim que a gente fica. O pior de tudo, que enquanto estava entubado meu time estava jogando, havia uma TV nas proximidades, e meu time perdendo de 2 a 0 pro time do meu chefe, barbaridade. Lá pelas 03 da manhã o enfermeiro voltou e me avisou que eu iria tomar um banho, foi tranquilo, tive que fazer um bochecho e o cidadão já me alertou pra não engolir, senão eu poderia ter um encontro com o Criador bem cedo.
Por curiosidade me informei do motivo de não poder tomar líquidos após uma anestesia geral ou raquidiana e a resposta foi simples: nas primeiras 24/36 horas, o corpo esta sob o efeito ainda, e um simples gole de água pode acabar parando no pulmão, ou se for pro estômago, de repente pode haver um refluxo e isto também pode parar no pulmão. Não preciso nem explicar que água e pulmão é uma péssima combinação. Por isso o risco de morte ao ingerir água no pós anestésico.
O duro que dorme-se muito pouco na UTI, quando a gente começa a relaxar, o bendito do esfigmomanômetro (o aparelho que mede a pressão) é automático e te acorda, tem jeito não. Sem contar a movimentação, e põe soro, tira frasco, da injeção, vem mais soro, outra injeção e foi assim até umas 9 da manhã, quando veio o médico e me liberou pra enfermaria.
Na enfermaria a gente cai na real, e vê que tem pessoas passando maus bocados mesmo, o que a gente tá sentindo é temporário. Mas preciso falar da equipe de enfermagem, pense num serviço de primeira, no momento que a enfermeira esta com você, a atenção é sagrada! Tiram as dúvidas, te ouvem, e tudo com muita paciência (não por mim, mas há pessoas que olha hein...), respeito e amor pelo que estão fazendo. Depois fazendo uma análise, nunca fui tão bem tratado em um hospital como no Angelina Caron. Eles realmente primam pela recuperação e o 'conforto' do paciente dentro de suas limitações, e não há distinção entre o paciente particular, convênio ou SUS, todos tratados da mesma forma e com muito respeito.
Voltando a enfermaria, a tarde recebi a visita de minha mulher e da minha mãe, eles são rigorosos com visitas, apenas duas pessoas, 30 minutos e uma de cada vez. Foi bom que já traquilizei a Soraya, afina o hospital não fornece informações de paciente.
Mais 24 horas e eu estava de partida, indo pra casa da mãe, onde fiquei 9 dias, pois a equipe médica recomenda na primeira semana, se possível, ficar nas proximidades do hospital, apenas por precaução.
Chegando em São José dos Pinhais, já iniciei propriamente dito a dieta liquida, e após 4 dias sem tomar água, tomei meu primeiro gole, pequeno, e com receio. Mas desceu tranquilo.
Cada equipe médica trabalha com dietas diferenciadas, se buscar na internet a gente encontra muitas variações, mas nada como seguir o que a equipe pediu. Por que eu falo assim?
Bom, digamos que depois uns 5 dias, a gente começa a 'enjoar', principalmente do almoço/jantar que é nada mais que uma sopa peneirada e coada, e claro que num copinho de cafezinho, destes de 50ml. Caldinho de sopa por 20 dias não é fácil. Claro que há outros líquidos: iogurte líquido sem gordura e sem açucar, leite desnatado, água de coco, água, sucos misturados com água e peneirados e chás claros. A medida que vai findando o período, a gente quer mastigar alguma coisa, e finalmente a partir do 21° dia após a alta, eu já podia comer polenta mole, a sopa liquidificada, isso dá um upgrade nervoso, mas confesso, principalmente porque hoje é o ultimo dia desta etapa (10 dias), que já não aguento mais o leite, iogurte e água de coco, amanhã da uma boa melhorada, já poderei 'comer' mais coisas salgadas, por exemplo no almoço já rola um caldinho de feijão com polenta e um peixinho cozido ou ovo pochê.
Voltando um pouco a história, tive a infelicidade de romper os pontos da pele. Pense num buraco, meu primo Dener que viu, descreveu de forma simples, cabiam umas duas pilhas pequenas dentro do buraco... claro que fiquei assustado, não pela descrição, mas pelo fato, e acabei voltando no hospital, onde tinha a recomendação pra ir na emergência, pois olha, mais uma vez fiquei impressionado, que atendimento. Em 15 minutos já estava conversando com uma médica, que examinou o corte e falou pra eu ficar tranquilo, que os pontos do músculo estavam íntegros, e que o 'buraco' fecharia por segunda intenção (sem pontos). Devido a esse problema não voltei trabalhar. Após todo esse tempo, o corte ficou dividido, um buraco em baixo e um buracão em cima, no meio houve uns pontos que se aguentaram numa boa. Hoje já tá quase fechando a parte debaixo e a de cima agora está como o debaixo estava a 15 dias atrás. A Drª Rachel já havia me dito, que iria demorar uns 60 dias mesmo pra fechar. O que me lembra de agradecer a três enfermeiros que me assistiram neste período, o meu primo Eduardo de São José dos Pinhais, minha amiga Cris aqui de Ponta Grossa e a minha sobrinha Giane, também de PG, que veio por uns 10 dias seguidos aqui em casa até minha mulher sentir confiança pra realizar o curativo.
Também agradeço a preocupação dos amigos e familiares, pois a torcida foi grande e muitas mensagens de carinho. Me sinto afortunado por ter tantas pessoas torcendo pela gente.
Antes de encerrar, muitos perguntam se senti fome, não senti em momento algum. A dor como é? A dor foi nos primeiros 4 dias, mas não é uma dor excruciante, é bem suportável, e a gente tem a prescrição de remédio(liquido) pra dor. Depois fica a sensação de dolorido, dependendo da movimentação, e algumas posições geram mais desconforto.
Bom esse é um bom resumo do que aconteceu nestes 30 dias, gostaria de ter feito antes, mas acho que por ter sido retirada a pedra da vesícula, era muito desconfortável escrever no computador até essa semana. Vou tentar postar as novidades diariamente, pois até aqui foi tranquilo, agora que começa a batalha, pois a alimentação sólida é um pouco mais complexa, tem que mastigar muito pra não passar mal. O importante que já se foram 21kg, e desde hoje posso caminhar na esteira e dirigir, pois a Soraya tem medo que eu faça caminhadas sozinho na rua, por enquanto não posso me abaixar, como diz ela, vai que você tropeça, não tiro a razão.
Os próximos 5 meses vou ter bastante trabalho, pois depois deste período a perda de peso é pequena. Preciso perder no mínimo 10 kg por mês. Bora lá.